sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Adeus

Um dia ela bateu na minha porta e eu deixei que entrasse, sem nem mesmo perguntar quem era. Sem cerimônias, mudou-se de mala e cuia para minha casa e minha vida. No começo, causou alguma estranheza, mas aos poucos fui me afeiçoando. Confesso que só a deixei ficar porque gostei muito da sua presença. Foi nos seus braços que meus medos pareceram aceitáveis e que minhas frustrações foram encaradas como coisa normal. Seu colo era como um ninho, onde eu podia encontrar justificavas para tudo o que estava dando errado.

O problema é que ela começou a tomar conta de todas as minhas ações e pensamentos. Controladora e ciumenta, não me deixava quieta por um minuto. Queria saber de tudo e imprimir em qualquer um dos meus momentos suas marcas acinzentadas. Tratava-me como uma propriedade e nossa relação, como todas em que há algum tipo de dependência, começou a se tornar sufocante.

Um dia, decidi dar um basta nessa situação. Cheguei em casa e aproveitei um momento de distração para jogar as suas coisas pela janela. Ela fez cena, gritou, chorou, falou que sem ela eu não viveria, pois eu já estava muito acostumada. Disse que se mataria. Depois disse que me mataria. Por fim, acabou cedendo.

Agora, nos falamos muito pouco. Ela ainda vive por aqui, me espreitando pelos cantos, mas eu já dei meu ultimato. Ela vai embora. E no dia que essa tristeza for de vez, darei uma festa daquelas. Vou dançar e cantar até o sol nascer e vou viver os dias mais lindos da minha vida.

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